Tempos de Paz

11-12-2012 19:09

Vivemos tempos conturbados, marcados pela incerteza onde se conjugam diversos factores que confluem para que aceitemos como “normal” o que em tempos normais, seria impensável, isto entre outras coisas leva à vulgarização de instituições, banalizando o simbolismo que as mesmas representavam, caindo numa perigosa vulgarização.

A atribuição do Nobel da Paz, é o expoente máximo destes mesmos tempos, longe de ser consensual a designação do comité do Nobel, vem relançar o debate sobre a União Europeia, dando destaque às suas fraquezas e imensas contradições.

Se atentarmos ao que se passa no espaço europeu, mais concretamente á União Europeia, rapidamente constatamos que o espírito de que esta está imbuída, fica a anos-luz da tão propalada paz, muito pelo contrário o que inala desta União é o desencanto de muitos que julgavam estar neste espaço a solução para uma sociedade mais justa e solidária, e acordam para a triste realidade de uma Europa dividida entre os países do norte e os do sul, tendo sido lançado sobre os povos destes últimos uma impiedosa politica de austeridade, que para além de qualquer programa de reajustamento financeiro, levara a um cada vez maior distanciamento entre o nível de vida dos cidadãos da Europa, dependendo da sua origem, tornando a União europeia um “clube”, onde existem “sócios de primeira”, e os outros.

É perante esta crua realidade que me revejo nas críticas dos detractores desta “sábia” decisão de atribuir o Nobel da Paz à união europeia, aquilo que esta União tem fomentado tanto propositadamente como por laxismo, não é mais do que estimular, o conflito e levar a guerra social aos países visados, quando o que seria efectivamente necessário era dar condições para o crescimento das suas economias e a criação de emprego, procurando assim colmatar as desigualdades e os desequilíbrios inerentes a países com economias tão distintas.

Como cereja no topo do bolo e em total sintonia com tão polémica atribuição, esteve sem dúvida o opulento banquete a seguir á cerimónia, onde era visível a paz reinante, enquanto se digladiavam com tanta fartura e luxo, contrastante com a austeridade e por vezes a miséria, a que estão vetados milhares de cidadãos europeus, isto são provavelmente os tempos da “paz”, deste Nobel.

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