Sinais dos Tempos

29-08-2011 19:00

 

Nos últimos tempos tenho constatado a existência de algumas opiniões que me têm surpreendido, não pelo teor das mesmas, com as quais na sua maioria concordo em absoluto, mas sim com os autores das mesmas.

 O sempre hilariante Alberto João Jardim descobriu agora que afinal é de esquerda, e se no caso particular do visado, podemos sempre interrogarmo-nos se não estaremos perante mais uma crise, ou simplesmente um almoço bem regado, ou ambas dependendo da hora, já no caso de outras individualidades o assunto é definitivamente mais sério.

O papa Bento XVI alertou no último encontro mundial da juventude realizado em Madrid, para o capitalismo descontrolado que aumenta o fosso entre os ricos e os pobres, sendo necessário proceder a uma revisão urgente da distribuição justa das riquezas, sendo de acordo com as suas palavras fundamental, existir uma lógica de divisão e solidariedade para se corrigir o rumo do mundo e apontar em direcção a um desenvolvimento justo e sustentável.

 Esta é também a minha visão, não posso no entanto deixar de registar uma incongruência entre o que se afirma e o praticado, refiro-me aos lucros do Vaticano, nomeadamente os negócios e os investimentos feitos em nome da igreja que é parte activa no capital social de muitas entidades bancárias, e empresas que facilmente identificamos como fazendo parte das tais referidas por sua santidade, que visam o lucro acima de qualquer outra coisa, seria prestado um bom serviço aos fieis e dado um exemplo relevante á sociedade, caso o actual papado colocasse ordem na sua própria casa.

Por fim quero fazer eco da posição do mais alto magistrado da república portuguesa, no que se refere á inexistência de impostos sobre heranças e doações, por uma vez pelo menos, reconheço que não podia estar mais de acordo com a notável criatura, se por um lado e de acordo com os mais prestigiados analistas é difícil quantificar todo o património tributável, curiosamente quando se trata de sacar dinheiro aos poderosos as dificuldades são mais que muitas, já no que respeita a heranças e doações, não se percebe a renitência da coligação partidária que nos governa.

Pessoalmente espero que a crise passe rapidamente, caso contrário ainda me advogo no direito de um dia destes acordar de manhã, e auto-titular-me detentor de uma das maiores fortunas do país, pois tal como o maior empresário da cortiça de Portugal, também eu sou um assalariado.

facebok