Ser Mais Troykista que a Troyka

13-07-2011 22:00

Imaginem que levam o vosso carro á oficina, pois têm dificuldades em colocá-lo a trabalhar, como seria de esperar o mecânico efectua o diagnóstico de bateria em fim de vida, e sugere a substituição da mesma.

Ora não satisfeitos, com a solução apresentada, requerem que além da substituição da bateria, seja substituido o alternador, e se possivel todo o sistema eléctrico,e se possivel até se mudava o motor.

Tratando-se de uma analogia, básicamente é isto que o governo está a fazer, não satisfeito com as condições já gravosas, inscritas no memorando da Troyka, pretende ir mais longe, bem mais longe.

E em abono da verdade, isso nunca foi escondido, antes pelo contrário sempre foi afirmado pelo actual PM, que esse seria o objectivo, e tal frontalidade só lha podemos louvar.

 Está para breve a apresentação daquilo que será o "tuning" a aplicar ao "chaso" em que os ultimos trinta anos de utilização pouco cuidada, e acima dos limites, com uma manutenção feita por mecânicos de vão de escada, transformaram a minha pátria.

Tal como o "tuning" prática em regra ilegal, também as alterações laborais a apresentar em breve, só não serão ilegais,porque irão ser suportadas por decreto. Não deixam no entanto de ser  imorais, hipócritas, e a sua genese consiste numa falácia.

A legislação laboral existente, além de recente,é adequada e já permite a adaptação da força laboral, aos periodos em que a mesma seja mais necessária, com a flexibilidade dos turnos e horários (gravosas para trabalhadores),adequando os mesmos ás necessidades das empresas.

Ponto fundamental, ao que parece é que deve existir uma maior facilidade nos despedimentos, para assim criar mais emprego? Confesso tenho perdido algum tempo a pensar nisto, e não consigo mesmo perceber, voltando á analogia do carro é o mesmo que ir á oficina e pedir ao sujeito que desalinhe a direcção, para assim poder  substituir os pneus mais rapidamente.

Mas do que é que estamos a falar?

Uma empresa que pretenda ter nos seus quadros trabalhadores qualificados, tem custos com a sua formação e a substituição dos mesmos é certamente tempo perdido e um retrocesso no sucesso da empresa, vejamos o exemplo da Auto Europa,(existem outros exemplos), trabalhadores qualificados, bem remunerados, e altamente motivados.

Não o que se pretende com a facilitação dos despedimentos, não é arranjar mais postos de trabalho, o que alguns "patrões", pretendem é substituir os trabalhadores com vinculo certo, por precários. Mas este tipo de empresário não interessa ao pais, porque não é com politicas laborais do terceiro mundo e baixos salários que vamos alterar o estado das coisas.

O que muitos destes senhores gostavam era substituirem os trabalhadores portugueses, por paquistâneses a dormirem em contentores nas traseiras das fábricas, e atenção não vejam nesta afirmação, qualquer laivo de nacionalismo nem xenofobia, aquilo que os paquistâneses e outros vêm fazer para portugal, é o mesmo que os portugueses fizeram por esse mundo fora, procurar algo que apesar de tudo é melhor que nos seus paises de origem e como tal sujeitam-se a condições laborais, já há muito abandonadas no mundo Ocidental.

A aplicação das medidas que visam precarizar o mercado de trabalho, ao contrário do efeito pretendido vai fragilizar ainda mais a economia e provocar um retrocesso nas condições de vida dos portugueses.

A tentativa desesperada de ombrear com os mercados emergentes, além de impossivel é faliciosa, como é que se compete com mercados onde popula o trabalho infantil; inexistência de horários laborais; inobservância das regras ambientais; onde as palavras férias ou descanso laboral, não têm sequer tradução para as linguas natais.

Continuamos no entanto a constatar a deslocalização de empresas ocidentais para alguns destes mercados, e os rostos que estão por detrás dessas multinacionais, são os mesmos que especulam com a nossa divida soberana, que defendem o radicalismo liberal para melhor atingirem os seus propósitos.

Esta é a politica com a qual o actual executivo se identifica, e na realidade é aquilo em que os Portugueses  votaram.

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