Que pena não ser um contrato de seis meses...a prazo

28-12-2011 20:00

Ao fim de seis meses de PEC`S, perdão de governação estamos a assistir em Portugal a qualquer coisa parecida com uma campanha de prevenção rodoviária,mas em vez da tolerância zero, temos a tolerância 100%.

Se existe coisa de que o Pedro e os seus pares, não se podem queixar é de falta de laxismo da parte da generalidade dos portugueses, chamo-lhe laxismo, porque os limites daquilo que se podia considerar uma razoável tolerância, já foram há muito ultrapassados. A explicação para tal comportamento estará eventualmente em qualquer causa genética, manifestada em inumeros compatriotas saudosos do estado novo.

Não sei se existe alguma explicação mais ou menos freudiana, para tal comportamento o facto é que o fatalismo que caracteriza o lusitano, cujo fado em muitas prosas cantadas, fala de uma triste realidade de alguém que merece e aceita todas as agruras com que o destino o presenteia, numa inevitabilidade e conformismos trágicos.

É este triste fado, que molda e dá corpo ao agora consagrado património imaterial da humanidade, muito apreciado e não menos vezes incompreendido, por quem o escuta e aplaude. Não é de agora, diz-nos a história que os portugueses, salvaguardando raríssimas excepções, sempre foram um povo humilde e submisso, que se contenta com pouco e do pouco que tem tira muito proveito.

Não é assim de estranhar que a boa graça do Pedro e dos seus pares continue, e perdurará por mais uns tempos, pois a generalidade dos portugueses, está no seu intimo convicto de que merece o que lhe está a acontecer e muito mais que venha a ocorrer, é transversal a toda a sociedade, e a todos os escalões etários este mesmo sentimento, aos mais velhos ouvimos frases que procuram amenizar os tempos actuais, evocando o tempo passado, em que famílias numerosas deglutiam um pouco de pão e toucinho, e por vezes uma punhado de azeitonas, que dividiam sofregamente entre todos, como se tais memórias pudessem servir de algum conforto, áqueles que começam a sentir na pele, o empobrecimento vaticinado por quem nos governa.

Entre os novos existem aqueles que por tudo terem e a nada saberem dar o devido valor, são seguidores do mais feroz liberalismo e ainda crêem, piamente que o rumo traçado pelo capitalismo selvagem é o correcto, relegando para segundo plano todos os valores sociais, que muitos nunca assimilaram verdadeiramente, pois as famílias e a sociedade demitiram-se dessas funções há muito tempo, a desresponsabilização é generalizada, começando nos políticos e terminando nas famílias.

facebok