Os Dois Lados da Barricada

03-08-2011 22:58

 

Nos tempos que correm, faz cada vez menos sentido falar em esquerda ou direita, é por demais evidente a dificuldade que os partidos políticos têm de acordo com a sua genese ideológica em aproximarem-se ou cativar o cidadão comum, esta situação teve um reflexo evidente na dificuldade em que os diversos dirigentes do psd antes do actual tiveram em fazer vingar as suas posições, pois o ps do Socrates ocupou o espaço que por norma era ideológicamente das laranjinhas,obrigando estes a encostarem-se mais á direita, com politicas ideológicamente próximas da extrema direita.

 A sociedade civil portuguesa em geral aburguesou-se, fazemos férias em locais exóticos,em média as familias possuem duas viaturas,os nossos filhos têm obrigatoriamente de ser doutores ou engenheiros,todos somos proprietários, nesta situação, em particular resultado do incentivo (por vezes pouco ou nada prudente) do capital, com os apoios (envenenados), dados á compra de habitação própria.

Não me interpretem mal, sermos proprietários de algo, não faz de nós piores pessoas, pelo contrário na maior parte das situações só quem se esforça para ter algo, é que lhe dá o devido valor.

Foi no entanto criada e fomentada a ilusão de que podíamos ter tudo e que todas as nossas aspirações, por mais irrealistas que fossem eram não só legítimas mas também alcançáveis.

Logo os discursos de esquerda, com as tretas das igualdades sociais e respectivas lutas do proletariado, em prol de melhores e mais condições de vida, foram caindo em desuso e quando ouvíamos os sindicalistas o pensamento generalizado, era que aquela retórica não nos dizia respeito e destinava-se a uns desgraçados quaisquer do tal proletariado e não a nós.

Infelizmente para muitos, o tal discurso que aparentemente tinha outros destinatários que não nós, não podia estar mais adequado, na realidade é um fato por medida que muitos provavelmente iram vestir e que é de todo merecido.

 Outros porém estão na realidade reféns das opções que fizeram, e neste momento sem que de se apercebessem fazem, parte da classe média, e têm as costas não só grandes dividas para pagar, bem como pesadas responsabilidades fiscais e sociais, às quais na sua condição de trabalhadores por conta de outro, mesmo que quisessem não se podiam furtar.

Este é o paradigma de muita gentinha neste momento, estão demasiadamente bem da vidinha (na perspectiva dos nossos dirigentes), e por outro lado sentem-se pouco á vontade para alinhar em manifestações, e contestar o que quer que seja. 

A triste realidade é que segundo aqueles que muitos de vós elegeram para nos governar, existem em Portugal três classes sociais, os desgraçadinhos que nada têm nem são proprietários de nada, e segundo o amigo do Canada o tal “Álvaro”, devem ser ajudadas, e como? Então fazem-se tarifas sociais para a electricidade, para o gás, para os transportes públicos, falta saber em que moldes ou quais critérios utilizados para apurar os felizes contemplados depois existem os detentores das grandes fortunas e depósitos bancários intocáveis, aqueles que naquela treta de revolução dos cravos, fugiram para o Brasil supostamente falidos, espoliados dos seus bens e que agora finalmente estão ai para fazer o ajuste de contas.

E por fim restamos nós, os tais que nos deixamos aburguesar, e que agora não sabemos em que lado da barricada nos devemos posicionar. 

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