Obrigado Bangladesh

10-05-2013 23:19

 

Hoje vou-me abstrair do que se passa neste nosso cantinho, ou pelo menos vou tentar, quem tiver uma mente minimamente aberta terá consciência do mundo em que vive, consequentemente já terá chegado à conclusão de que algo está mal e que estamos provavelmente num fim de ciclo.

Por vezes há acontecimentos que apesar de nefastos, nos despertam para a crua realidade do mundo, os que acreditam em desígnios mais celestiais, aplicarão a expressão de que “deus escreve direito por linhas tortas”, infelizmente essas linhas traduzem-se em cerca de um milhar de vitimas, o desabamento do prédio no Bangladesh, onde funcionava uma espécie de “centro empresarial na vertical”, e onde eram fabricados alguns dos têxteis que qualquer um de vós pode comprar, nas lojas de marca que pontuam nos centros comercias ocidentais, é apenas a ponta do iceberg.

O triste acontecimento é só mais um episódio de muitos, que rapidamente cairá no esquecimento e tudo voltará à “normalidade”, continuarão a ser produzidas peças de roupa com um custo final de 1 ou 2 cêntimos por unidade, que serão vendidas nas tais lojas a valores médios de 20€, pouco menos do que recebem por mês os infelizes que protagonizam esta tragédia.

Este é o mundo em que vivemos, ou melhor é o mundo que alguns criaram, sob o olhar complacente e conivente de outros, não foi por acaso que o actual líder do vaticano falou em trabalho de escravatura, teve a coragem que faltou a outros que o antecederam e apontou a ignominia em que se transformaram os relacionamentos entre povos, sobrepondo o lucro e a especulação á condição de ser humano, o mais trágico é que tudo isto é feito em nome do regular funcionamento dos mercados e sobre o arbítrio dos dirigentes europeus, com se pudesse ser considerado normal, a deslocação do fabrico das mais reputadas marcas, para autênticos “paraísos laborais”, semeando nos seus próprios países o desemprego e a miséria social.

Á alguns que aplicam a semântica, e de forma cínica, apelidam estas práticas de “capitalismo selvagem”, como se de uma doença inevitável se tratasse, como coisa natural, obviamente que não existem regimes perfeitos, se o socialismo na sua mais pura essência apresenta derivas contorcidas, inconciliáveis com a fraca condição humana, estas supostas democracias em que as regras do jogo são manipuladas e aplicadas de acordo com o poder financeiro, resultam numa farsa cujo objectivo fulcral é a obtenção do lucro fácil a qualquer custo, triste mundo este que em pleno século XXI, permite e incita a exploração do ser humano pelo seu igual, o que alguns apontam como marcos do progresso, no fundo não passam de retrocessos civilizacionais. 

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