O tempo é um ponto de vista. velho é quem é um dia mais velho que a gente...

11-09-2013 20:00

Existem alturas na vida em que a nossa perspectiva sobre determinados assuntos, muda ou assume uma outra importância, uma destas situações é a minha consciência actual sobre a velhice, talvez por me encontrar mais perto desta fase da vida, o facto é que tenho dado por mim a pensar naquilo que será o resto da minha existência.

Se até aos dias de hoje essas preocupações passavam principalmente pela inevitável regressão das capacidades físicas, doenças e tudo o que inexoravelmente está associado a este período, em que por norma pagamos os excessos cometidos na juventude, como se estas não fossem já dificuldades mais que suficientes, eis que o poder instalado elegeu como objectivo a alcançar, tornar ainda mais penosa o fim de vida dos velhos.

Há quem adjective de indecente, o corte a que as pensões  vão ser sujeitas, muito francamente indecente é alguém andar a passear o cão e não apanhar a merda que ele faz, o espólio das reformas dos idosos vai muito para além da indecência, é basicamente um roubo, mas não é de agora que as ditas “sociedades modernas”, maltratam os seus velhos, e Portugal infelizmente também neste campo está na primeira linha, exemplos não faltam, são o encerramento dos centros de saúde, dos postos dos correios, é a reorganização autárquica com a extinção de freguesias e o consequente abandono das populações envelhecidas, até a implementação do TDT teve como principal efeito o prejuízo escandaloso das populações mais idosas e desfavorecidas do interior, ao deixarem de ter acesso aos quatro canais televisivos, por vezes durante dias seguidos, sem que ninguém faça nada.

Tudo isto são exemplos que associados ao aumento do custo de vida, constituem uma agrura adicional no fim de vida de milhares de idosos, estes cortes têm no entanto um efeito ainda mais pernicioso na sociedade portuguesa, alguns destes milhares de velhos, eram até hoje o “porto de abrigo” de muitas famílias, habituados a uma existência austera adquirida noutros tempos que pelos vistos teimam em voltar, conseguiam com o pouco que tinham, ajudar os seus filhos desempregados, constituindo uma âncora importante na agregação e sustentabilidade de muitas famílias.

É chocante constatar tanta insensibilidade e intransigência com os mais fracos, enquanto se continua a garantir lucros obscenos aos subscritores das PPP e das SWAPS. 

Estranho país o nosso, que priva os seus velhos de parte da sua reforma,enquanto se  transforma num paraíso fiscal para os reformados de outros países, um País onde se “vende” a nacionalidade Portuguesa em troca de uns milhares de euros, na compra de apartamentos de luxo, decididamente este país não é para os nossos velhos.

facebok