O Fim da Média

08-12-2011 16:55

 

Hoje deu-me para falar da “classe média”, as sociedades ditas desenvolvidas são compostas por estratos sociais enquadradas de acordo com os rendimentos declarados (nem sempre correspondem aos auferidos) logo temos os pobres ou carenciados, passando depois aos da “classe média” e por fim aqueles que á semelhança do cocó andam sempre á tona de água e continuam a fazer a sua vidinha, independentemente do que aconteça ao resto dos cidadãos.

Ontem fomos brindados com a estupenda novidade de que as “taxas moderadoras” vão ter um acréscimo de 100%, ou seja recorrer a uma urgência hospitalar significa ter que desembolsar logo á cabeça 20€, sem prejuízo de eventuais exames a efectuar contemplados também com “taxas moderadoras”, com valores ainda por definir. Certos porém são os visados com mais esta pérola, feita á medida dos tais afortunados que fazem parte desse mundo maravilhoso que é a “classe média”.

A justificação dada, foi que a alternativa a este aumento, seria o fim inevitável de todas as isenções, o que seria socialmente mais injusto, ora é exactamente aqui que discordo totalmente, e não é pelo facto de eventualmente ser abrangido pelo co-pagamento, pois nem sequer é líquido que o meu agregado familiar a tal fique sujeito. A minha discórdia passa pelo simples facto de que os sacrifícios exigidos á “classe média”, já ultrapassaram á muito o razoável, eu pessoalmente estou farto de ser solidário, principalmente quando essa solidariedade não é reconhecida por ninguém, nem pelos que a recebem que a consideram como um direito, nem pelos que a nos exigem, cujos objectivos e intenções para o sector da saúde são pouco claros.

Do afortunado mundo da classe média, já fazem parte o fim das deduções fiscais, com as despesas de saúde, de educação, o fim dos abonos de família, a cativação de parte do subsídio de natal, já para não falar na percentagem do vencimento que é sacado logo á cabeça para efeitos de IRS e segurança social, apesar de tudo isto continua a ser afirmado por quem governa que devem ser exigidos sacrifícios aos que mais têm! A questão é a seguinte os que mais têm o quê? Dividas, contas para pagar, responsabilidades sociais? De acordo com o ponto de vista do ministro da saúde, passarão a existir mais isenções com as novas regras do que as que existem neste momento, mas com a particularidade de serem 4 milhões de portugueses a suportar as isenções dos outros 6 milhões.

Não vou adoptar o discurso populista, muito em voga por parte de alguns sectores da nossa política, de que a culpa é dos que recebem apoios sem terem direito aos mesmos, que deviam era ir trabalhar, etc.

Não nem quero ir por ai, esta medida do aumento das “taxas moderadoras”, tem o efeito prático de aproximar o custo da saúde pública, com aquilo que é praticado no privado, desde que tenhamos um razoável seguro de saúde, vistas as coisas por este prisma, dêem-me a possibilidade de escolha em relação ao destino a dar aos meus descontos, e temos a conversa feita. Muitos estarão a pensar, mas tal medida corresponderia ao fim do SNS, mas é esse o objectivo obscuro destas medidas, não tendo a coragem de o assumir de forma frontal, ao aplicar medidas que oneram os cuidados de saúde públicos, para níveis do praticado no privado, estão na prática a empurrar a “classe média”, para fora do SNS, que no futuro não será mais do que uma rede decadente de cuidados de saúde a prestar a titulo de caridade aos coitadinhos da sociedade, muito a gosto do Pedro Mota Soares, e dos seus pares.

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