Hipocrisia

10-09-2011 17:39

Do panorama internacional, para além da falta de entendimento europeu para a resolução dos males que afectam a Europa e as ameaças de expulsão dos países periféricos do euro, em concreto para já a Grécia, posteriormente outros se iram perfilar, temos assistido a uma “revolta Social”, em diversos países que em regra têm em comum uma ou várias das seguintes condições.

São em regra países cujos governantes, se apropriaram do poder e mantêm o mesmo á custa de repressão social, concretizada de variadíssimas formas, tecendo teias sociais onde impera a corrupção e o medo. Por norma estes países dispõem de recursos naturais riquíssimos, cuja exploração é feita por um grupo restrito em regra familiares dos que governam.

A alguns destes, a comunidade internacional apelida de ditadores e fomenta e apoia a revolta dos cidadãos de forma visível, condenando a repressão publicamente, e congelando contas bancárias internacionais e promovendo embargos comerciais, existem porém outros que estranhamente gozam de uma imunidade a toda a prova, sendo as atrocidades cometidas sobre o seu povo totalmente branqueadas.

Não é necessário esforçarmo-nos muito para rapidamente darmos dois ou três exemplos de países subjugados por ditadores que não olham a meios para atingirem os fins propostos e enquanto o seu povo vive na maior das misérias e passa todo o tipo de privações, eles são detentores de imensas fortunas, e usufruem de total protecção das organizações internacionais.

Gostaria de ver a as nações unidas, tomarem o mesmo tipo de medidas, aplicadas na líbia noutros países, não porquê discorde que Muammar al Qaddafi, seja um ditador sanguinário, e que mereça ser deposto e julgado, mas é obvio que desconfio que as verdadeiras razões para o apoio dado ao rebeldes líbios, não é a sua condição de povo oprimido, mas sim os interesses que a sua posição geoestratégica gera, bem como os seus recursos naturais, o pré-acordo vindo a publico entre a França e os rebeldes, em que os franceses teriam preferência na exploração daqueles recursos, é só por si elucidativo dos motivos que moveram alguns dos envolvidos.

Sem dúvida que Qaddafi e a sua família exploraram e subjugaram o povo líbio e fizeram suas as riquezas de todos, mas será que os “eleitos”, desta revolução patrocinada pela comunidade internacional vai devolver a líbia e as suas riquezas aos líbios, ou assistiremos simplesmente á substituição do coronel por outro com procedimentos semelhantes.

Provavelmente poucos saberão quem é o presidente da Guiné Equatorial, o senhor Teodoro Obiang, está no poder há 31 anos, recentemente comprou um iate no valor de 263 milhões de euros, ou seja cerca de três vezes aquilo que a Guiné Equatorial, gasta com a saúde e educação da sua população por ano. Este senhor que goza de total imunidade e é transparente para a comunidade internacional ocupa só o décimo lugar dos ditadores mais ricos do mundo.

Existem porém alguns que nem sequer constam nesta lista, o caso do presidente José Eduardo Dos Santos, no poder há 31 anos, e que recentemente conseguiu mudar a constituição, para se perpetuar no poder, em Angola cuja sociedade apresenta índices altíssimos de corrupção e as riquezas naturais do pais não têm sido aplicadas no desenvolvimento e na melhoria das condições de vida dos angolanos, apesar de existirem pseudo-eleições, os cargos estratégicos estão ocupados pelos familiares e testas de ferro do presidente, e todas as discordâncias e manifestações contra o poder estabelecido são barbaramente reprimidos, sendo obscena a riqueza acumulada por alguns, enquanto o seu povo vive em condições desumanas, perante o olhar protector da mesma comunidade internacional que aprova resoluções no sentido de aviões da nato bombardearem cidades líbias. 

facebok