Em Fim de Linha

18-07-2011 10:17

 

Quantos de nós não nos questionamos ,acerca da nossa humilde e insignificante condição de seres humanos. Tais pensamentos ocorrem-nos, é certo a partir de uma determinada idade, pelo menos comigo assim foi.

Alguns estarão a pensar, o gajo está a  ficar velho por isso, esta conversa da treta.

É de facto esta ultima condição, a que nenhum de nós escapa, que tem ocupado o meu pensamento. Não que me sinta velho, mas porque na realidade os anos trazem-nos uma perspectiva diferente da vida, não obrigatóriamente mais correcta, mas certamente mais lucida.

Aquela pressa, urgência, em viver tudo no mais breve espaço de tempo, querer tudo para hoje como se não houvesse amanhã. A partir de determinada idade é secundarizado, passa para segundo plano. Começei a ver a vida e o que nos rodeia com outros olhos, não que os meus valores se tenham alterado, mas as prioridades são claramente distintas.

Todas estas questões, ganham maior relevo, se atendermos a que, a esperança média de vida tem vindo a aumentar, o que associado a uma natalidade decrépita, se traduz numa sociedade envelhecida. Efectivamente estamos a tornar-nos num país de velhos, mas o dramático desta questão é que nada nem ninguém se preparou para esta realidade. Por um lado temos a pressão em que vivemos, que não se condói, com quem não acompanha o ritmo exigido e mais grave, descarta cruelmente aqueles que em tempos, aos olhos da mesma sociedade já tiveram valor.

Infelizmente esta mensagem é transmitida consciente ou inconscientemente, aos nossos jovens diáriamente, tanto pelos média, como pelos exemplos de quem tem responsabilidades públicas, como pela inacção do cidadão comum.

Tivemos há poucos dias um exemplo claro daquilo que afirmo, a morte prematura e trágica de um jovem promissor, foi motivo de uma hesteria mediática, que para além do esmiuçar da tragédia,o mesmo em nada contribui para o enriquecimento dos jovens que se reviam no infeliz actor.

Práticamente ao mesmo tempo, faleceu com 85 anos aquele que deve ser dado como exemplo daquilo que define um empresário,(exemplo a seguir por alguns da nossa praça),que para além do império pessoal construido, contribui para a riqueza nacional e criou emprego a milhares de pessoas.

Certamente alguns de vós nem sequer, souberam da morte do senhor que já estava doente há algum tempo, mas certamente o estado de saude da actriz Sónia Brazão, não vos vai passar ao lado, os média vão disso certificar-se. Estou a falar do destaque dado ao falecimento, de alguém que para além de velho, se destacou pelos melhores motivos na sociedade portuguesa, e mesmo assim morreu práticamente sem que, a tal fosse dado qualquer relevo.

Imaginem a quantidade de velhos que morrem no nosso país, alguns no prédio ao lado do nosso, ou no andar de baixo, no mais completo anonimato, sem ninguém, haverá algo mais triste.

Perdoem-me,mas para alguns, o aumento da esperança média de vida é o agudizar de uma existência que certamente muitos dispensariam. Pelo menos nas circunstâncias actuais, de que fale vivermos mais anos, se a sociedade de que fazemos parte não nos aceita, nos ostraciza, nos remete para a penumbra.

Alterar este contexto, não depende só do estado, aliás o estado somos todos nós, depende efectivamente de todos nós, na educação dos nossos filhos, na transmissão dos valores, dos exemplos que lhes damos.

Não é dificil os jovens e adolescentes prevaricarem, e tomarem como seus, os valores com que erradamente são bombardeados diáriamente. Se existe algo que não aceito e que sempre me revoltou, é a falta de respeito e consideração, por aqueles que já deram a sua contribuição aos país e na sua maioria não obtêm o retorno que lhes seria devido,e muito pelo contrário se vêem, cada vez mais a perder a pouca dignidade que já lhes resta.

Confesso deixa-me angustiado a ideia dos filhos que abandonam os seus progenitores num hospital, para assim puderem ir de férias, e chamo-lhes progenitores, porque quem é capaz de tal crueldade, não merece chamar pai, nem mãe a ninguém.

Existem por outro lado, idosos que não têm ninguém, e aos quais a sociedade não pode nem deve voltar as costas, pois é isso que nos diferencia das outras especies e que faz de nós humanos.

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