De Olhos Em Bico

12-09-2011 15:38

Quantos de nós não nos interrogamos já acerca do número desmesurado de lojas de chineses que abrem todos os dias nas nossas ruas,ao mesmo ritmo que o comércio tradicional com pequenos negócios familiares inseridos nos bairros fecham, dando lugar a pequenos “hipertudo”, geridos por cidadãos orientais ao que parece também em regime familiar.

Existe porém uma situação que me causa estranheza, atendendo ao regime político fechado da China e às restrições conhecidas á saída dos seus cidadãos para o estrangeiro, é realmente muito estranha a proliferação de tais lojas, se atendermos ainda ao facto de que algumas das lojas têm dimensões consideráveis e algumas são recentes, suponho que os valores dos arrendamentos, ou o custo dos imóveis sejam substanciais.

 Se a estes pormenores juntarmos o tipo de artigos transaccionados e o valor dos mesmos ficamos com sérias dúvidas acerca da rentabilidade do negócio, e legitima a questão, se não será o próprio estado chinês o principal fomentador desta invasão, financiando ele próprio a abertura destas lojas.

Nada me move contra os chineses ou as suas lojas, sou aliás apreciador de comida chinesa, desde que seja identificável aquilo que me é dado a comer, já nos tais “hipertudo”, a qualidade dos produtos á venda é no mínimo questionável, ainda há pouco tempo tive a necessidade de adquirir umas pilhas e há falta de alternativas, procurei obter as mesmas numa loja chinesa, espantosamente duraram cerca de uma semana.

As lojas chinesas são efectivamente a ultima vaga e a mais visível, do ataque que a economia ocidental está a sofrer, como qualquer um de vós terá oportunidade de verificar até a nossa roupa interior é actualmente confeccionada nos chamados países de mercados emergentes, é bastante provável que as cuecas que trazem vestidas, sejam uma peça acabada de sair das mãos de uma criança chinesa, a troco de uma simples tigela de arroz.

Se a generalidade da economia ocidental atravessa uma crise nunca antes vista, fica a dever-se a uma atitude economicamente suicidária dos países europeus, e a uma ganância desmesurada dos empresários destes países, que a troco de um custo menor de produção dos produtos não hesitam em deslocalizar a produção para os chamados mercados emergentes, onde á custa de mão obra infantil, escravatura laboral, total inobservância das boas regras ambientais e contrafacção dos produtos, vêem os lucros de empresas multinacionais a cresceram, enquanto o fecho de empresas e o desemprego no ocidente alastra como se de uma peste se tratasse.

Na realidade a abertura das economias ocidentais aos mercados emergentes e a falta de coragem dos líderes europeus em tomar atitudes que visem mitigar as consequências desta abertura, vai conduzir a Europa a graves conflitos sociais e os cidadãos dos países que fazem parte da união europeia vão inevitavelmente ver as suas condições de vida a sofrer um retrocesso, em nome de uma pretensão vã de elevar a nossa competitividade económica aos níveis dos mercado emergentes. 

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