Cuidar

26-10-2012 19:17

Foi tornada definitiva a decisão do tribunal de menores do Barreiro, de entregar a guarda de uma criança a um casal homossexual.

O caso em concreto tem a particularidade de não configurar uma adopção, mas sim a atribuição de responsabilidades parentais ao casal gay.

 Esta atribuição de responsabilidades teve o acordo prévio da mãe da criança, que concluiu não ter reunidas as condições necessárias para criar mais um filho, com a agravante de se tratar de uma criança que necessita de cuidados especiais.

Com a plena consciência de que trata de uma situação muito singular, não só pela (sábia) decisão judicial tomada, que em muito honra o poder judicial, mas também pelos contornos já mencionados, julgo que este caso poderá ser o despoletar de uma discussão que urge iniciar na sociedade portuguesa.

Na realidade a alteração da lei que permitiu a casais do mesmo sexo, contrair o matrimónio, cumprindo assim o disposto na constituição, terminando com a descriminação por opções sexuais, deveria ter o seguimento natural que era legislar e regulamentar a possibilidade de essas mesmas pessoas poderem adoptar ou exercer responsabilidades parentais em relação a menores.

Na minha opinião é urgente trazer esta matéria á discussão da sociedade portuguesa, pois é através do debate franco e objectivo que se constrói uma comunidade mais responsável e menos preconceituosa.

Sendo obviamente a minha primeira preocupação para com todas as crianças que aguardam uma família de adopção, o que infelizmente em muitas situações nunca se chega a verificar, sendo muitos os que nunca chegam a sair das instituições á guarda do estado, esquivando-se este ultimo às suas responsabilidades, como aconteceu com a Casa Pia.

Em Maio de 2012 estavam á guarda do estado 8938 jovens e crianças, existindo neste momento 561 crianças a aguardar adopção e cerca de 2243 candidatos em espera, neste contexto não faz qualquer sentido negar a estas crianças a possibilidade de terem uma família, terem alguém que os ame.

De uma vez por todas é necessário acabar com os preconceitos, com as hipocrisias, com a mentalidade tendenciosa de que pelo facto de alguém ter orientações sexuais consideradas “diferentes”, não tem capacidade para educar ou amar uma criança e torná-la numa pessoa válida para a sociedade existe por ai muito imbecil que confunde homossexualidade, com abuso de menores e pedofilia.

Infelizmente tem-se constatado que é exactamente no seio de determinadas instituições muito críticas em relação a estas matérias, que têm ocorrido os maiores escândalos de abuso de menores.

A educação de uma criança não depende de forma alguma das opções sexuais dos seus mentores, quem conseguir perceber isto, está em condições para contribuir para uma sociedade melhor.

facebok