As Douradas e o Espólio Final

13-07-2011 21:00

Infelizmente não vos vou falar das Brachyplatystoma Flavicans, vulgo Dourada, que por sinal bastante gozo me dão na sua captura, e também na sua degustação, nem tão pouco das tradicionais fatias douradas, tentação de muitos na época natalicia.

As douradas em causa são aquelas, que tanto prurido provocaram aos mercados europeus, e que agora finalmente para gaudio de alguns vão ser alienadas. E com elas a possibilidade de quem nos governa, exercer algum controle sobre o destino de empresas, cuja actividade se revela de fundamental importância tanto no aspecto social,económico e estrutural para o nosso pais.

Pessoalmente sempre tive muitas reservas em relação, á abertura ao capital privado de empresas que têm um serviço público a cumprir, e cuja orientação deve ser sempre no sentido daquilo que melhor defende o interesse das populações, e do pais. E falo de empresas, que pelos serviços prestados e a importância dos mesmos, são de uma relevância fundamental para os designios do pais. Dito isto é compreensivel a preocupação que me assola, quando se vai hipotecar aquilo que seria já um mal menor.

Com a queda das "Golden Share",empresas como a EDP; PT ; Galp Energia,  REN, ficam inexorávelmente á mercê dos mercados. Dirão os neo-liberais que por ai populam, "mas é mesmo isso que se pretende, deixar funcionar os mercados".

Mas será que o livre funcionamento dos mercados nestes sectores, trás algumas vantagens ao consumidor final? Terá algum efeito positivo nas tarifas praticadas nos serviços prestados? Pois têm duvidas, eu também.

Para quem não sabe, e eu sei do que falo e ao contrário daquilo que se pretende passar, o mercado da comercialização de energia, não está monopolizado, por uma só empresa, desde o dia 04-09-2006 os consumidores de energia eléctrica podem de acordo com o D.LEI.29/2006 de 15-02-2006 e o D.Lei.172/2006 de 23-08-2006, escolher o seu comercializador no mercado liberalizado de energia.

Existem efectivamente no mercado outras empresas, para além da EDP, tais como: EGL-Energia Iberia s.a ; Endesa; Iberdrola; Gás Natural Fenosa. Agora perguntam, mas a abertura do mercado da electricidade a essas empresas não devia ter surtido algum efeito nas tarifas de energia que tanto peso têm tanto para os clientes domésticos como para as empresas?

Devia mas não teve, e certamente não é por falta de controle nos custos com o pessoal, nem pelos vencimentos pagos á generalidade dos trabalhadores, mas a abertura ao capital tem a outra face da medalha, quem investe quer retorno (legitimo), e os lucros têm sido na ordem dos milhões de euros.

Existe uma empresa em particular cuja privatização na sua totalidade, me deixa extremamente apreensivo e a sua concretização, irá criar uma situação extremamente gravosa para as gerações futuras, estou a falar da REN,  cuja actividade básicamente é fazer o transporte da energia adquirida pelos comercializadores, fazendo-se pagar pelo serviço prestado.

Não está prevista outra empresa a desenvolver esta actividade, ou seja preparam-se para entregar aos privados,(os tais que visam o lucro), um monópolio, só que em vez de ser controlado por quem deve definir o destino do pais, será controlado por interesses privados de capitalistas anónimos.

Isto, já não é liberalismo, é lesar de forma irreversivel os interesses de Portugal.

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