Adiposidades Indecorosas

09-10-2012 21:52

 

Quantos de nós não ouvimos já a expressão “as gorduras do estado”, esta assumida no pleno sentido literal, significaria que o estado padeceria de obesidade, logo deveria ser sujeito a uma dieta rigorosa, e a um escrupuloso programa de exercício físico.

E se após estas medidas terapêuticas persistissem as gorduras, como último recurso iriamos para a solução da banda gástrica, como já terão percebido estou apenas a brincar com a expressão, levando a sua aplicação ao extremo. Na realidade e de acordo com fontes das próprias autoridades europeias, a despesa pública Portuguesa atingiu em 2011 os 48,9% do produto interno bruto, um valor abaixo das médias da zona euro e da união europeia com 49,3% e 49,1% respectivamente.

Ou seja apesar destes exercícios de matemática económica serem uma seca, para além de na sua esmagadora maioria serem de uma total inutilidade, e por norma servirem somente para justificar o que tantas vezes é injustificável, desta vez porém os números contrariam o tal diagnóstico de obesidade, e vem levantar a verdadeira questão? Então se a despesa pública está abaixo da média dos nossos parceiros, onde estão as gorduras?

Esclareçamos o seguinte, no meu entendimento despesa pública resulta de serviços essenciais, para o funcionamento das sociedades, tais como educação, saúde e justiça, forças de segurança e militares. Quando por vezes nos referimos aos funcionários públicos, estamos a falar de um conjunto de pessoas, cuja atividade é decisiva e fundamental para o funcionamento da nossa sociedade, e cuja atividade é ou devia ser financiada pelos impostos que pagamos.

Aquilo a que temos assistido é ao dilapidar de todos estes serviços, sendo proporcional o aumento da carga fiscal, ou seja o sistema está definitivamente corrompido, pagamos mais impostos ao mesmo tempo que temos cortes na saúde, desbarata-se a educação, dificulta-se o acesso á justiça encarecendo a mesma.

Resta-nos concluir que “as gorduras do estado” são na realidade os Portugueses, são os seus vencimentos, são as suas casas, são os cursos dos seus filhos, são o seu serviço nacional de saúde, é nisto que residem as gorduras do estado, ou pelo menos é isto que o governo acha.

Olhemos para as parcerias público privadas, vulgo PPP, vejamos quem são as empresas envolvidas, vejam quem está á frente das suas administrações, invariavelmente será alguém de um dos partidos que nos últimos anos conduziu o destino do país, é aqui que reside a ruina de Portugal, e nesta história não existem inocentes, nos partidos do chamado “arco do poder”, todos tem rabos presos, ninguém tem moral para atirar a primeira pedra.

Neste momento todos os Portugueses são “convidados”, a pagarem os milhares de euros enterrados em alcatrão, em estádios de futebol, em pontes, de hospitais, em negociatas acicatadas pelos mesmos que agora nos usuram com taxas de juro pornográficas, os mesmos que agora nos dizem que vivemos acima das nossas possibilidades, que temos demasiadas gorduras.

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