A Estrela Errada

15-07-2011 23:00

 

Ontem vimos todas as dúvidas que ainda subsistiam, na forma de apurar o imposto extraordinário, esclarecidas. Da mesma forma que se confirmou,aquilo que já era práticamente uma certeza.

Na realidade tivemos a confirmação de que todas as fortunas, umas maiores que outras certamente, mas todas sem excepção constituidas em depósitos bancários, ficam isentas de contribuirem para o referido imposto.

No seguimento natural daquilo que é a sua ideologia politica, com aquele ar calmo e tranquilo de quem não faz mal a uma mosca,(certamente anda sempre com uma lata de insecticida na mala), veio o Sr.Vitor Gaspar,  justificar tal isenção com o facto de que não faria sentido, por um lado apelar á constituição de poupanças, e por outro lado, ir penalizar estas tributando-as, com o imposto extraordinário.

Básicamente por outras palavras o que ele nos pretende dizer, é que quem tem muito, pode manter os juros dos seus depósitos bancários ao abrigo de qualquer sacrificio, por outro lado quem vive dos rendimentos do seu trabalho,do vencimento mensal, e que em regra utiliza o subsidio de natal, para equilibrar o orçamento familiar, fica sujeito a mais esta arbitrariedade.

A  justificação de que, técnicamente era complicado englobar tais rendimentos em sede de IRS, em virtude dos mesmos estarem sujeitos já a um imposto liberatório, é conversa da treta, a existir essa dificuldade, bastava aumentar o referido imposto liberatório na proporção da taxa a aplicar do imposto extraordinário, e sujeitar assim esses rendimentos á contribuição para os pseudo-necessários sacrificios, a que estão a ser sujeitos os restantes contribuintes.

Tal como o seu homónimo Rei mago Gaspar, também este ministro segue uma estrela, mas ao contrário daquele que com a orientação da referida estrela encontrou o menino, este visa encontrar nas privatizações a saida para a crise. No seguimento do seu raciocinio ideológicamente ultra-liberal, afirmou ser necessário libertar o estado do peso das empresas privadas, confesso não percebi a que peso é que se referia, seria aos milhões de euros de lucros da Galp, da EDP, que além dos bolsos dos accionistas, também correm para os cofres do estado.

Vejamos por exemplo a CP-Carga, é a unica firma do grupo CP que não dá prejuizo, precisamente aquela que está na lista de privatizações, será este o peso a que se refere o ministro, porque não privatizar aquelas que dão prejuizo? Porque essas não interessam ao mundo financeiro, não trazem retorno, são na lógica ultra liberal LIXO, sem valor.

O que é um facto é que, todas as empresas que constam na lista de privatizações, á excepção da RTP (duvido que esta seja privatizada), todas dão milhares de euros de lucro e são extremamente apeteciveis, para o mundo financeiro, principalmente ao preço de saldos a que vão ser entregues.

A privatização destas empresas,  não garante, que os produtos transacionados, baixem de preço, antes pelo contrário não só as tarifas podem subir como o serviço a prestar ao cliente pode piorar. Por exemplo neste momento a entrega de correspondência pelos CTT, chega aos locais mais recônditos de Portugal, apesar do seu numero de habitantes ou quilometros a percorrer, no futuro será assim?

Outro exemplo a EDP na sua condição de distribuir energia, tem que cumprir um serviço publico, que em algumas situações a exploração de determinadas linhas, fica inexorávelmente mais cara, do que o valor obtido pelas receitas dos clientes,abastecidos pelas referidas linhas, no futuro será assim?

Existem muitas outras interrogações, para as quais não há resposta, uma coisa é certa o estado vai perder o poder decisório em sectores fundamentais para o Pais, e fá-lo não só por causa da crise mas por mera opção ideológica.

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