Estou Emocionado

19-01-2014 16:29

Estamos todos de parabéns, sim as últimas semanas têm sido reveladoras, do que podemos aguardar nos próximos meses, a esmagadora vitória de Portugal e de todos os portugueses, na atribuição da bola de ouro, ao maior símbolo português vivo, foi rapidamente apontado por alguns (maus) actores políticos, como exemplo a seguir pelas hostes tugas,pessoalmente acho perfeitamente justa a atribuição do galardão, mas não me sinto embebido desse espirito “somos os maiores”, nem consigo considerar o feito alcançado como coisa minha, pois efectivamente nada fiz para o obter e tenho algum pudor em me apropriar daquilo que não é meu, provavelmente é um defeito comportamental da minha pessoa.

Como ouro sobre azul, nas últimas semanas temos escutado uma nova narrativa, a de que afinal o programa de austeridade estava correcto e que os sinais disso, estão ai para quem os quiser ver, são as taxas de juro sobre a divida a valores que reportam aos anos de 2008/09, são os milagres económicos ocorridos, os elogios com que várias entidades internacionais nos mimam, eventos onde diversos intervenientes políticos se promovem mutuamente como que embebidos de uma concupiscência própria de orgias e não de actos políticos.

Esta vai ser a narrativa dos próximos meses, promovida por uma comunicação social acrítica, minada por uma legião de comentadores políticos habilmente disseminados pelos vários canais televisivos, e se muitos deles têm tido um discurso algo critico, com o aproximar das eleições isso vai ser corrigido e vão cerrar fileiras ao lado das suas hostes em prol dos seus partidos. Toda esta situação é mais ignóbil, e intolerável se tivermos a noção de que para o bem e a continuidade do próprio euro é absolutamente necessário que o “resgate”, português tenha um final feliz e que a europa já terá assumido isso mesmo com o bando que nos governa, estes últimos estão dispostos a utilizar todas as artimanhas e processos que sirvam ou mantenham os incautos cidadãos ocupados ou distraídos, exemplo do que afirmo é a infame actuação do Pedro e seus pares que a coberto de um “anónimo” Hugo Soares colheita da promissora JSD, verdadeira incubadora de lideres natos, que conseguiu impor a uma banca parlamentar uma disciplina de voto, sobre uma questão já debatida e aprovada na generalidade, tudo isto não passaria de um “fedi ver” se o que estivesse em causa, não fosse a vida e os direitos humanos de uns quantos.

A regulamentação jurídica sobre a vida de seres humanos, não pode estar dependente de jogadas politicas, a vida de crianças e jovens deve estar acima dos calculismos da hipocrisia politica, a regulamentação e aprovação da co adopção vai muito para além de um acto politico, é dar a oportunidade a uns quantos de terem um enquadramento jurídico familiar, que os iguala á generalidade das famílias portuguesas, procurar referendar isto é ficar refém da mais vil demagogia politica, que só encontra par na cobardia de alguns, que sendo contra tal conduta optaram por seguir uma cega obediência de voto, o que numa última hipótese vem dar razão aos que questionam o número de deputados em funções.

A narrativa dos próximos tempos vai  ser a de um país em campanha eleitoral em que a partir de agora tudo vai correr bem e vamos ser todos muito felizes, isto apesar de os problemas estruturais que enfermam o nosso país não estejam resolvidos, muito pelo contrário, mas isso não interessa mesmo nada, o que efectivamente interessava já está praticamente concretizado, a precaridade laboral, os baixos salários, o desmantelamento do SNS, a incapacitação da segurança social, a destruição do ensino público, bem como o fim e redução das bolsas de estudo, a entrega ao capital estrangeiro das empresas estruturais para a nossa economia com a sua privatização, estas eram as verdadeiras razões do resgaste e consequente austeridade que nos fez regredir uma década.

O país real é o do desemprego jovem nos 37%, da emigração dos mais qualificados, do desemprego de longa duração de milhares de trabalhadores menos qualificados, dos reformados que se vêem remetidos a uma miséria forçada, de um aumento do número de pobres e das famílias que não conseguem cumprir as suas responsabilidades, este é o país actual da esmagadora maioria dos portugueses, onde tudo está pior do que á dois anos atrás, esta é a dura realidade que alguns tentarão a todo custo mascarar, veremos até aonde irão descer, para alcançar os seus intentos.

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