Com Laivos de Sadismo.

16-02-2014 21:38

Existe uma palavra que define uma condição essencial para quase tudo ou mesmo tudo o que compõe a nossa vida, a nossa existência e o que nos rodeia, falo do equilíbrio ou dos danos que a sua falta provoca.

Estejamos a falar de relações pessoais; familiares; amorosas ou sociais, é necessário para que as mesmas resultem, que o tal equilíbrio esteja presente, seja alcançado ou haja manifesta vontade de pelo menos ambas partes o almejarem, como é óbvio todos estes “equilíbrios”, condicionam o nosso “próprio equilíbrio”, sendo este o resultado final desta equação e resultando em última analise numa sociedade mais ou menos equilibrada.

Não menos importantes e decisivo para o resultado desta equação, estão as relações laborais e o seu equilíbrio, este resulta da força negocial de cada uma das partes envolvidas, e facto inquestionável é que nos últimos tempos, tanto por força das circunstâncias como por questionáveis políticas, essa relação de forças está imensamente desequilibrada, com imensurável vantagem para as entidades patronais.

Entre os factores que contribuíram para esta situação, está desde logo o desemprego, as suas taxas elevadas fragilizam indubitavelmente os trabalhadores, em favor duma maior escolha pela outra parte, com reflexos óbvios nos custos da mão obra.

 Outro fenómeno notório é a própria “desvalorização” da função do trabalhador, da banalização técnica da sua função, isto iniciou-se com a flexibilidade e polivalência tendo nos tempos que correm o seu expoente máximo na dinâmica das empresas de prestações de serviços, que colocam á disposição do “mercado” mão obra qualificada a valores da indiferenciada, em actos repugnantes de exploração, onde alguns iluminados mais não fazem do que venderem o trabalho qualificado de trabalhadores desesperados, assistindo-se á proliferação de uma economia paralela, de “empresas” de vão de escada, em que engajadores praticam o tão propalado empreendedorismo.

Como se tudo isto não fosse só por si, mais que suficiente para desequilibrar profundamente a relação trabalhador, entidade empregadora, com esmagadora vantagem para esta ultima, eis que assistimos a mais uma alteração na legislação laboral, que visa supostamente objectivar e hierarquizar, os condicionalismos para o despedimento por extinção do posto de trabalho, como se ao fim de três anos de destruição massiva de postos de trabalho, aquilo que faz mais sentido na mente retorcida desta gente, é legislar regras para despedir, não importa promover e proteger o trabalho, mas sim criar mais instabilidade e desequilibrar ainda mais esta relação de forças, pois a subjectividade dos critérios em causa deixa ao empregador um naipe de motivos discricionários para despedir a seu belo prazer, quem bem entenderem.

Esta alteração é tão mais questionável, que vai ser submetida à aprovação parlamentar sem o acordo dos parceiros sociais, sendo a oportunidade da mesma questionada, até por algumas confederações patronais que ao contrário desta gentalha, na sua maioria saída dos aparelhos partidários, sem qualquer percurso laboral no seu curriculum, sabem que a recuperação económica não se faz à custa dos baixos salários, nem de relações mediadas pelo medo, mas sim a partir de relações laborais assentes na confiança mutua, e objectivos claros definidos, estes devem ser os catalisadores para o crescimento económico equilibrado.

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