"Faz o que eu digo não faças o que eu faço"

09-09-2011 22:14

 Ultimamente temos assistido a uma autêntica orgia de comentadores políticos, que nascem como cogumelos, nos programas de “opinião política” que poluem os canais generalistas e seus canais satélites.

A crise tem destas coisas, se por um lado serve para esmifrar a maioria dos portugueses, para outros é uma oportunidade de realizar mais uns cobres, ou simplesmente aparecer e assim promover a sua imagem e os negócios que desde sempre mantiveram, e que em regra são gabinetes de advogados, aliás a profusão de advogados nos meios políticos e a promiscuidade e conflito de interesses gerados entre ambas as actividades, é um tema deveras interessante a que oportunamente voltarei.

Se o comentário politico era até á pouco tempo um feudo do Marcelo, figura disputadíssima, pelos vários canais televisivos, e na impossibilidade de fazerem clones do esclarecido professor, houve que improvisar e eis que aparecem entre muitos, uns que se destacam mais que os outros, e não é propriamente pelo seu tamanho, pois se o negócio fosse por exemplo apanhar figos a criatura em que estou a pensar seria certamente a ultima escolha, provavelmente alguns de vós já adivinharam que estou a falar do irrequieto Marques Mendes, destacadíssimo advogado, á não sabiam que o sujeito tem uma firma de advocacia a “Marques Mendes & Associados”, além desta actividade o ilustre cavalheiro que recentemente também lançou um livro com o titulo “mudar de Vida”, com imensas criticas á vida dos portugueses, também foi deputado pelo PSD durante vinte anos, tendo ao abrigo dessa condição solicitado a reforma vitalícia que lhe vai permitir um encaixe financeiro que vai custar aos bolsos dos portugueses cerca de 20 mil euros anuais, ou seja vai ganhar 1666 por mês.

Obviamente que esta situação está ao alcance de qualquer deputado que no ano de 1999 perfaça doze anos no parlamento, terá direito a solicitar a tal reforma dourada, o facto de ter escolhido o irrequieto Marques Mendes como figura principal e exemplo desta peculiar condição dos “eleitos por nós”, é a forma como o sujeito se tem destacado com sugestões nos cortes a efectuar, e nas criticas aos gastos do estado.

Confesso ainda não ouvi o ilustre deputado a fazer qualquer referência aos vencimentos, regalias e reformas douradas dos parlamentares, certamente a necessidade de mudar de vida é só para os portugueses que trabalham honestamente e não para alguns privilegiados que ao fim de doze anos têm o direito de solicitar a aposentação, é caso para dizer faz o que eu digo não faças o que eu faço.

Para além deste irrequieto deputado, também a austera Manuela Ferreira Leite e o antiquíssimo Narana Coissoró, entre outros digníssimos deputados, solicitaram a reforma vitalícia. Este é um dos verdadeiros sorvedouros dos dinheiros públicos, e uma manifesta injustiça social agora ainda mais evidente com os sacrifícios a que os cidadãos em geral estão a ser sujeitos, até quando esta vergonha.

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